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OXUM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Oxum é o Orixá das águas doces e seu entendimento assume características das mais diversas. Em uma comparação didática, se Nanã representa a avó, Yemanjá a mãe, Oxum representaria a filha. Juntamente com Yansã, seriam as Orixás mais “novas” do panteão. Alguns atribuem à Oxum o papel de irmã mais velha de Yansã, outros a de irmã mais nova. Em um entendimento diverso, Oxum teria grande equivalência com Yemanjá, sendo bastante confundida com esta última tanto pelo seu caráter maternal quanto pelo seu domínio sobre as águas. Em nossa Casa admitimos todos esses entendimentos. Com a correta aproximação do significado mitológico, essas características não se contradizem, mas se complementam.

 

Oxum é a Senhora da Beleza e da Bondade. Sua saudação, “Aiê iêu”, deriva do iorubá Oóre Yeye O (oóre, bondade; yeye, mãe; ou seja, Salve a Mãe da Bondade! ou Salve a Bondade da Mãe!) e podemos perceber aqui sua característica fundamental. Tem grande relação com todas as Orixás femininas enquanto Iabá, Grande Mãe.

Se diferencia, no entanto, pela sua atuação junto ao processo de gestação. Assim, enquanto Yemanjá seria a mãe que cria, Oxum seria a mãe que gera. O aparelho sexual feminino e a menstruação lhe são consagrados podendo ser considerada “a genitora por excelência, ligada particularmente à procriação e, nesse sentido, ela está associada à descendência no àiyé (nosso mundo). Ela é a patrona da gravidez. O desenvolvimento do feto é colocado sob sua proteção como o do bebê até que ele comece a “armazenar” conhecimentos e linguagem.”¹ Nesse sentido é a regente de todo o processo de coroação do médium uma vez ser esse o momento de “nascimento” de seus Orixás de cabeça.

 

Como veremos a seguir, devido à seu papel fundamental para a existência humana, Oxum não poderia tomar partido de uma mulher em detrimento de outra. Oxum não poderia ser inimiga de quem quer que fosse para assegurar o perfeito funcionamento do sistema de procriação. Por isso, também assume Oxum a função de Senhora da diplomacia, faceta que torna clara sua relação com a Vênus mitológica. Suas filhas são consideradas extremamente vaidosas e recatadas. Tem grande habilidade em conduzir assuntos de forma indireta ou suave, alcançando todos os seus intentos mesmo que de forma indireta, com “aproximação circular”, ou seja, não abordando seus objetivos diretamente mas pesando todos os fatores com o devido raciocínio estratégico. Segundo Verger: “O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá.

 

Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora esconde uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social”. Também podem ser consideradas “graciosas, elegantes, sensuais, delicadas – o encanto é a arma para conseguir o que desejam – chegam a ser infantis – não recusam nada – premonição – podem ser perigosas – falsas – o rio está calmo, mas a pessoa se afoga – adoram jóias – tendências a perdê-las – busca de posição social – emotivas – voz suave – dependentes – meigas, sorridentes, às vezes preguiçosas – problemas conjugais – astutas.”²Mesmo que discordemos um pouco da assertividade que Beniste emprega em sua classificação, decidimos, como anteriormente, incluir sua visão de forma a enriquecer as informações disponibilizadas.

 

Oxum é considerada o símbolo do feminino, originária da terra de Ìjèsà. Oxum é originária do rio do mesmo nome. No Brasil não está associada a nenhum rio em particular, mas a todos os rios, córregos e cascatas. Por ser a patrona da gravidez, Oxum está diretamente associada ao corrimento menstrual, ao “sangue vermelho”, que é seu axé principal e às atividades que regem e representam este corrimento. Oxum está associada aos pássaros que possuem o mesmo simbolismo dos peixes. A cor de Oxum é o amarelo-dourado. O amarelo é também uma qualidade do vermelho, um vermelho benéfico, significando estar maduro. Oxum é a deusa da Beleza e da Fecundação. Acompanha toda a gravidez até antes do nascimento. Oxum transmite a suas filhas sua graça picante e é fácil reconhecê-las pelo charme e desenvoltura. Quase sempre têm boa aparência, são simpáticas, alegres, com um encanto peculiar. Oxum dota as suas filhas com uma formosa cabeleira, enquanto as filhas de Yemanjá têm tendência à queda de cabelo.

 

Diz-se que Oxum foi cigana, daí gostar de enfeitar seus cabelos, o gosto pelas travessas e pentes, pelas argolas e aros de ouro. As filhas de Oxum têm grande disposição para a dança, a coreografia, o canto e a costura. São modistas destacadas. Diz-se que muitas já nascem com os conhecimentos de magia, da magia amorosa e com vocação definida para a cartomancia e artes divinatórias. Fala-se que ninguém põe melhor as cartas do que as filhas de Oxum, a menos que a outra seja de Yemanjá. Ficam loucas por novidades e modas e a satisfação de seus caprichos não tem limites, sobretudo no que se refere a perfumes. Caprichosas, ardentes, desassossegadas, enamoram-se facilmente e esquecem-se com igual facilidade. No entanto, o amor rege suas vidas e, uma paixão, por efêmera que seja, as leva a cometer os maiores desatinos. Não sentem escrúpulos em conquistar os noivos, maridos ou amantes de outras mulheres, mesmo que sejam suas amigas. É bem sabido que os encantos das filhas de Oxum fracassam quando elas pretendem roubar o marido ou amante de uma filha de Yemanjá.

 

As filhas de Oxum “trabalham” por debaixo dos panos. Gostam de cuidar, de servir, porém tendem a serem preguiçosas. São astutas. Gostam da arte da magia, sendo muito perceptivas. No lado negativo, fazem feitiçaria, rogam pragas e são muito ardilosas. Sabem pedir as coisas, tem jeitinho e são dengosas. Gostam de tudo que tenha estética e de joalherias. São ambiciosas. Gostam de tudo o que é caro, do luxo, do exibicionismo, do conforto, da mordomia. Raramente são autoritárias. São doces e meigas quando querem algo. Podem rejeitar o marido pelo filho. São competitivas e orgulhosas. Não são dadas a conflitos abertos, escondem as cartas nas mangas. Preferem a negociação e a esperteza ao embate direto. São teimosas, manhosas, sonsas e maquiavélicas. Podem ser metidas e esnobes. Estão sempre em busca do prazer. São discretas, tendo horror a escândalos e tudo o que puder denegrir a sua imagem. São altivas, elegantes, charmosas, espertas e de choro fácil.

 

Existe uma historinha que diz o seguinte:

Dois homens estavam brigando. Um filho de Ogum passaria batido ou se meteria na briga. Um filho de Xangô começaria suas análises criticando e procurando os motivos. Começaria a reclamar. Um filho de Oxossi para, senta no chão e rindo, ficaria assistindo. Uma filha de Yemanjá acalmaria recomendando a paz.Uma filha de Yansã reclamaria e chamaria a polícia. A filha de Oxum não faria nada. Nem poderia, pois os dois estavam brigando por ela. É convicção de inúmeras filhas de Oxum que a deusa do amor as faz derramar muitas lágrimas, sem deixar de protegê-las. Senhora de respeito. Ocupa-se apenas com assuntos sérios. Não dança.

 

Origem do nome: origem desconhecida

Mantra: Ai iê ieu Oxum! derivado de Oóre Yéyé ô Òsun! (oóre, bondade; yéyé, mãezinha; ou seja, Salve mamãe Oxum, a Senhora da Bondade![4] ou Chamemos a benevolência da Mãe![5]) Toque Ijexá

Qualidade divina: É a Beleza Divina. A energia de Oxum é utilizada em todos os processos de amarração: casamentos e dissoluções. Utiliza-se nos problemas sentimentais e, principalmente, nos processos mentais, para a abertura do plano mental. Utilizada, também, para a sensualidade. Não confundir sensualidade com sexualidade. Rege o ventre feminino e por tudo que nele ocorre como a menstruação e a gestação.

Instrumento/Insígnia: Abébé (espelho), Alfange (espada curva); Bonecas

Sincretismo: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Nossa Senhora das Candeias (catolicismo), Nuestra Señora de la Caridad del Cobre (Cuba), Neith (Egito Antigo)

Astro canalizador: Vênus

Fase lunar: Minguante (mente) e Nova (beleza e sensualidade)

Campo de ressonância: Cachoeiras e águas de rios

Cor: Azul marinho e amarelo ou dourado

Número: 5

Odu: Exé

Flores: Rosas amarelas, flamboião amarelo e acácia

Essência: Angélica

Imãs: (comida) Laranja lima, feijão fradinho, pêssego, cenoura, banana d´água cozida, banana ouro, abiu.

Libação: (bebida) Suco de Cenoura

Metal: Ouro amarelo e cobre

Pedra: Olho de Tigre

Datas comemorativas: 12 de outubro, 08 de dezembro

Dia da semana: Sábado

Horário vibratório: 6h às 12h (beleza e sensualidade) e 18h às 24h (mente)

Ervas: Melão-d’água (Agbéye); Alfazema (Àrùsò); Taioba (Bàlá); Bem-me-quer (Bánjókó); Manjericão (Efínrín); Melão (Ègúsí); Aguapé (Ejá Omodé); Levante (Eré Tuntún); Caruru (Ewé Gbúre); Bananeira-da-índia (Ewé Ìdò); Brilhantina (Ewé Mimolé); Salsa (Ewé Obé); Trevo-da-fortuna (Ewé Omí-Eró); Calêndula (Ewé Pépé); Erva-cidreira (Ewé Túni); Mastruço (Ilerín); Cana-de-açúcar (Ìrèké); Erva-doce ou Funcho (Isé); Pitangueira (Ítà); Alface (Ojúoró); Nenúfar (Òsíbàtá); Assa-peixe; Avenca; Chuva-de-ouro; Cajueiro; Chuchu; Coentro; Dinheiro-empenca; Dólar; Fava-de-Oxum (Andiroba); Poejo; Videira; Acácia; Camomila.

Número de Folhas: 5 ou 16

 

[1] SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte. 11. ed. Petrópolis, Vozes, 1986. p. 85.

[2] BENISTE, José. Orun – Àiyé. 5.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 265.

[3] adaptado de SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte. 11. ed. Petrópolis, Vozes, 1986. p. 85.

[4] BENISTE, José. Orun – Àiyé. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 77ss.

[5] VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. 6. ed. Salvador: Corrupio, 2002. p. 174ss.

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