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PRETOS VELHOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Falange dos Pretos-Velhos, tão querida dentro da Umbanda e, talvez, a que melhor a represente,tem como característica principal a humildade em seus trabalhos. São seres que, apesar do altíssimo grau de espiritualidade, curvam-se diante de nós, em profundo ato de humildade e respeito. São considerados grandes Magos e são capazes de realizar muitos trabalhos envolvendo a cura. Entendem, como ninguém, a carência dos seres humanos, sua necessidade de ter um colo amigo onde possam chorar suas mágoas e tristezas. É com os Pretos-Velhos que a Umbanda se manifesta em toda a sua grandeza, pois foram estes mesmos “velhos” que a fizeram renascer em nossas terras.

 

Reverenciados como as Almas Santas, Sagradas e Benditas, assumem um domínio por todo o campo astral. Assim, questões emocionais envolvendo, por exemplo, família e relacionamentos, ou ainda, superação de dificuldades emocionais como a morte de um ente querido são bem compreendidas por estes seres. É a eles que apelamos para guiar as almas desencarnadas em seu caminho até o plano divino e são eles que assumem a difícil função de receber e reconfortar aqueles que se acham nas trevas e na ignorância, em nosso plano físico ou mesmo já no plano astral.  O trabalho dessa Falange está direcionado, em sentido amplo, para a sutilização desse plano astral de nosso planeta Terra. Explicando melhor, esse plano, com todas as nossas práticas danosas de desrespeito à Mãe Natureza, vem, a cada dia, sendo marcado com uma energia prejudicial ao nosso desenvolvimento espiritual.

 

Além disto, todo e qualquer pensamento de desamor, mágoa, ciúme, ódio e todos os maus sentimentos que guardamos em nosso peito, contribuem para a formação dessas energias nesse plano, que geram, como reflexo, uma grande influência nos corpos astrais de todos aqueles que habitam nosso planeta. O derramamento de sangue pelas guerras horrendas contribui, em muito, para aumentar, ainda mais, a densificação desse plano tão importante para nosso desenvolvimento espiritual.  São estes queridos Pretos-Velhos os grandes guardiões do Astral. São eles que nos protegem em todos os trabalhos de magia. São eles que velam pelas milhares de almas que, a cada dia, deixam o corpo de carne para despertarem no plano astral. São eles, enfim, que tanto ajudam no processo de sutilização deste plano tanto no sentido amplo, englobando todo nosso planeta, como no sentido strito, ou seja, tomando cada um de nós em seu colo e acalmando nossas emoções no momento em que mais precisamos.

 

Enquanto houver uma energia que esteja maculando este Mundo Astral, ali haverá, com certeza, um Preto-Velho a cuidar para que esta mácula seja retirada, sutilizando-a no Amor Universal e Incondicional. Exemplo claro dessa dedicação pode ser visto na prece conhecida como “As sete lágrimas de um preto-velho”, modelo modificado do original exposto por Matta e Silva chamado então “As sete lágrimas do Pai-preto”¹ que reproduzimos no final deste texto. É através do negro escravo, dentro das senzalas brasileiras, que o culto aos Orixás ganha força. Mais tarde, esse culto iria ganhar identidade própria e, deixando-se influenciar pelas mais diversas Tradições, iria surgir com uma nova ritualística, onde a cultura do negro, do branco, do índio e do oriental se manifestariam na mais perfeita harmonia, sem que uma pudesse sobrepujar a outra, todas coexistindo de forma a oferecer mais um caminho para o despertar humano. Foi na humildade do negro, que se inicia todo este processo de resgate, que a Umbanda encontra seu maior alicerce. Assim poderíamos definir esta grande Falange: através da humildade de seus integrantes.

 

São eles que se curvam perante o ser humano já tão cansado com seus problemas cotidianos, mostrando que sempre haverá de brilhar a luz da esperança no coração de almas tão calejadas por qualquer tipo de sofrimento. Na incorporação, esses grandes seres curvam o corpo do médium, em uma tentativa de aproximar, o máximo que puderem, o chakra raiz do médium, localizado na região do esfíncter, com o chakra frontal, localizado entre as sobrancelhas, unindo, desta forma, a energia da Mãe Terra com a força da mente do Homem superior. Essas duas energias unidas levam o processo mágico ao seu ponto de aproveitamento total. O trabalho dessa Falange está revestido pelo grande amor que dedicam ao nosso planeta e à nossa humanidade. Quem, tendo tido a maravilhosa experiência de estar em frente a um Preto-Velho, não haveria de se lembrar do carinho e do afago que jamais saem de nossa lembrança. E esses seres, grandes Magos que são, humildemente se curvam perante nós, nos ensinando que somente pela humildade pode a Divindade ser despertada em nossos corações.

 

Origem do nome: O nome dessa Falange, uma das mais tradicionais na nossa Umbanda, foi tomando forma ao longo da história da nossa religião. Chamados também de Pais Pretos e Mães Pretas, Santas Almas, Povo do Cativeiro, entre outros.

Mantra: Adorei as Almas! ou Salve as Almas Santas, Sagradas e Benditas!

Qualidade divina: Representam a humildade que devemos ter perante a Divindade

Instrumento/Insígnia: Cachimbo e cajado são dois exemplos típicos

Astro canalizador: Saturno e Lua

Fase lunar: Qualquer fase lunar

Campo de ressonância: Cemitérios, cruzeiros, águas profundas

Cor: Preto e Branco

Número: 13

Flores: Rosa branca e flores brancas em geral

Essências: Junquilho e Rosa branca (Pretas-Velhas), Alecrim (Pretos-Velhos)

Imãs (comida):Bolo de milho, pão de milho, mingau de arroz (chamado mingau das almas)

Libação (bebida): Vinho tinto e café preto

Metal: Chumbo

Pedra: Obsidiana floco-de-neve

Datas comemorativas; 13 de maio

Dia da semana: Segunda-feira

Ervas: Arruda, guiné piu-piu, aroeira, alfazema, rosa branca, alecrim, manjericão.

Horário vibratório: 18h às 6h

Exemplo de mandala: Oferecer um pote mingau das almas enfeitado com 13 galhos de arruda.

Ladear com uma xícara de café e uma vela branca.

 

 

[1] SILVA, W. W. da Matta e. Umbanda de todos nós. São Paulo: Ícone, 1996. p. 53

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