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XANGÔ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grande força ressoante nas pedreiras, Xangô é Senhor das pedras entre as quais se destaca a chamada pedra de raio –edun ará– acreditada ser originada nas quedas em nosso planeta de asteróides ou semelhantes. Xangô é ainda relacionado com o fenômeno do trovão e vemos aqui um símbolo bastante claro de sua ligação com Oiá-Yansã, considerada a própria força dos raios.

Existe muita literatura disponível sobre este Orixá, em particular muito em razão de seu destaque nas três mais respeitadas casas de Candomblé da Bahia, a Casa Branca, o Opô Afonjá e o Gantois. Não nos estenderemos então em discussões acerca da origem histórica de Xangô ou de seu papel no culto candomblecista. Nos voltamos mais para o entendimento umbandista desse Orixá tão cultuado e tão significativo.

 

Em nosso entendimento da dinâmica energética do Cosmo, Xangô seria o nome da energia da Justiça Divina e do Discernimento. Nesse sentido, a qualidade de separação entre os opostos e a determinação entre os limites de qualquer movimento são funções desse padrão energético. O instrumento de Xangô, o Oxé, é expressão perfeita desse simbolismo. Machado de duas lâminas iguais, porém voltadas para lados opostos, demonstram a qualidade de divisão entre os opostos, a própria formação da dualidade tão característica de nosso mundo e o perfeito equilíbrio dinâmico entre esses opostos. “Xangô é decididamente um Orixá guerreiro e, mais que isto, justiceiro. Carrega o oxé, machado duplo, machado de guerra ou caduceu da paz. Os filhos de Xangô são representados com o oxé em cima da cabeça para indicar a possessão por esta energia e, por extensão, a iluminação, que, numa correspondência ousada com as religiões orientais seria a indicação da ascensão da Kundalini ao chácra coronário. Xangô é sem dúvida o Orixá iluminado por excelência”.¹

 

Ildásio Tavares, como ministro de Xangô, estabelece a relação dessa força com a própria energia de iluminação e ainda menciona o conceito de kundalini das religiões orientais numa abordagem bastante original em sua obra. A Justiça evocada pela figura de Xangô não se resume na justiça de nosso direito ou de nossos tribunais, mas no princípio divino de justiça. Aqui cabe uma ressalva importante: enquanto Xangô pode ser invocado em situações de problemas jurídicos ou judiciários, como luz a iluminar o desenrolar de determinado julgamento ou processo, não devemos invocar de forma direta a justiça deste Orixá para nós. Isso porque a Justiça divina tudo conhece e tudo considera. Quem de nós pode aguentar todo o peso de nossos atos e suas consequências cobrados de nós?

 

Quando pedimos justiça a Xangô, não podemos colocá-lo ao nosso lado em sua decisão, Ele nos dará exatamente o que merecemos ou o que fizemos merecer por nossos atos. Muito cuidado! Temos por preferência rogar à grande força do Discernimento de Xangô. Essa seria a capacidade de enxergar o que deve ser feito ou qual caminho seguir, sabendo os prós e contras de qualquer ação.Assim como seu machado, Xangô carrega o conhecimento dos dois lados, das duas lâminas, igualmente afiadas, mas se coloca no centro, em perfeito equilíbrio, observador objetivo da dinâmica cósmica.

De acordo com Verger “O arquétipo de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta. Das pessoas que podem ser grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição, e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e incontroláveis.

 

Das pessoas sensíveis ao charme do sexo oposto e que se conduzem com o tato e encanto no decurso das reuniões sociais, mas que podem perder o controle e ultrapassar os limites da decência. Adoram dar ordens e detestam a contestação. São autoritários, justos e majestosos. Têm o poder de determinar o que é certo e o que é errado. Seus filhos tendem a emitir julgamentos de acordo com os seus valores internos. São muito teimosos. Se aborrecem com facilidade se algo que programaram não saiu do jeito que queriam. Gostam da disciplina. Enfim, o arquétipo de Xangô é aquele das pessoas que possuem um elevado sentido da sua própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e  benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo aguardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça.”²

 

Beniste acrescenta: “Conscientes de uma suposta realeza – sentimentos ligados à justiça – não admitem ser contrariados, podendo ser violentos e incontroláveis – tendências à obesidade – ligados à mãe – liderança – gostam da vida, mas temem a morte – vingativos – orgulhosos, teimosos, atrevidos, elegantes, gulosos, dorminhocos – não são asseados – conquistadores – infiéis – ciumentos – senhores de sua obrigação – pão-duros – não sabem perdoar – brincalhões.”³ Xangô rege, no corpo humano, os músculos, o coração juntamente com Oxalá e, principalmente, o estômago.

Origem do nome: Remete ao nome do terceiro rei histórico (alafin) da cidade de Oió.

 

Mantra: Kaô Kabiesilê (Kábiyesí é uma antiga saudação dirigida aos reis nagôs que significa “Será que sua majestade permite-me vê-lo?” ou “Venham ver e admirar o Rei” a última partícula, ilê, significa casa e é utilizada uma vez que Xangô é o Orixá dono do chão de nossa Casa)

Toque: Alujá

Qualidade divina: Orixá da Justiça Divina e do Amor. É a Grande Força Cósmica do Amor que existe em toda a humanidade. Utilizamos a energia de Xangô para processos ligados à justiça e à intelectualidade. Para prestação de concursos e provas. Quando se deseja, também, resolver qualquer problema no fórum. Senhor do fogo e do trovão.

Instrumento/Insígnia: Oxê (machado de duas lâminas), coroa e Xerê (espécie de chocalho que reproduz o som da chuva, manipulado somente pelo Babá, pela Mãe Pequena e pelos Ogãs de Xangô)

Sincretismo: São Jerônimo, São Pedro e São João Batista (catolicismo), Santa Bárbara (Cuba), Thor (mitologia gaélica), Thot (Egito Antigo)

Astro canalizador: Júpiter

Fase lunar: CheiaCampo de ressonância Montanhas, serras, vulcões e pedreiras

Cor: Marrom e amarelo

Número: 12

Odu: Eji Laxeborrá

Flores: Monsenhor amarelo

Essência: Morango

Imãs (comida): Feijão fradinho, quiabo, cebola, leite de coco, gengibre (raiz)

Libação: (bebida) Leite de coco, cerveja escura. Aluá: 1 abacaxi (fatias grossas da casca), 2litros d’água, açúcar, cravos, 1 colher de chá de gengibre ralado. Colocar as cascas em panela com água e deixar fermentar por um dia ou mais. Coar, por açúcar, cravo e gengibre.

Metal: Estanho

Pedra: Topázio, topázio imperial e Jaspe amarela

Datas comemorativas: 24 de junho, 30 de setembro, 28 de outubro

Dia da semana: Quarta-feira

Horário vibratório: 12h às 18h

Ervas: Caruru (Ewé Gbúre Òsun); Trapoeraba (Gòdògbódò); Fortuna (Àbámodá); Quebra-Pedra (Ewé Bojutòna); Abacateiro (Igi Itobí); Alfavaca (Efínfín); Aipim (Ègé); Orobô (Orógbó); Umbaúba (Àgbadó); Tamarineiro (Àjàgbaó); Erva-Tostão (Étipónlá); Quiabo (Ilá); Capimlimão (Koríko Oba); Vence-Demanda (Osè Obá); Fedegoso (Fitíba);Saião

Número de Folhas: 6 ou 12

 

[1] TAVARES, Ildásio. Xangô. 2. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2002. p. 67.

[2] VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. 6. ed. Salvador: Corrupio, 2002. p. 140.

[3] BENISTE, José. Orun – Àiyé. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 266

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